quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A IMPORTÂNCIA MILENAR DO BRINCAR

Atividades lúdicas fazem parte da vida do ser humano desde o início dos tempos. Acreditava-se, na antiguidade, que o desenvolvimento integral do ser humano pressupunha o brincar. Aristóteles classificou o homem em três aspectos: homo sapiens (o que conhece e aprende), homo faber (o que faz e produz) e o homo ludens (o que brinca e cria).

Em nenhum momento, um desses aspectos sobrepujou o outro em significância são indissolúveis e atuam em cadeia. Na literatura, a palavra lúdico é de origem latina e significa brincar. Nesse ato, fazem parte jogos, brinquedos, divertimentos, que vêm oportunizar a aprendizagem, ampliar o conhecimento e o saber, propiciando ao sujeito uma maior percepção do mundo.

Para Vygotsky (1988), as experiências lúdicas são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual cognitivo e psíquico das crianças. Nessa perspectiva, preservar e valorizar o brincar é uma forma de fazer História e Cultura.

Assim, jogos, brinquedos e brincadeiras são atividades fundamentais da infância. Favorecem a imaginação, reforçam a confiança, estimulam a curiosidade, promovem a socialização, desenvolvem a linguagem, constroem o pensamento lógico, aguçam a percepção, a concentração e a criatividade na elaboração de novos conceitos do jogo e do jogar.

Estando a criança feliz, descontraída, motivada, realizando tarefas que lhe caem bem, integrada, bem-aceita, será mais fácil garantir seu desenvolvimento. A Associação Brasileira pelo Direito de Brincar (IPA), inclusive, defende essa atividade como um meio, um direito e um dever.

Como meio, vem proporcionar inúmeras possibilidades é fonte de afeto, de solidariedade e de alegria. Como direito, institui-se no artigo 31 da Convenção dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), que diz: "Toda criança tem direito ao descanso e ao lazer, a participar de atividades de jogos e recreação apropriadas à sua faixa etária, usufruindo livremente da vida e das artes". (ONU, 1995). Como dever, direcionado aos adultos, que respondem pela qualidade de vida das crianças, o instrumental do brincar abre toda uma diversidade de oportunidades lúdicas.

O lazer bem conduzido e o jogo também alimentam a fantasia, pois no mundo do "faz-de-conta", a criança detém autoridade indiscutível, criando histórias e minimizando seus conflitos. É importante respeitar o momento lúdico para que a criança possa atuar seu simbólico. Criatividade, brincadeira e imaginação fazem parte de um crescimento saudável.

Faça com que seu filho fique à vontade. Permita a experimentação, deixando que ele manipule os materiais como quiser. Indague sobre o enredo das histórias que ele inventa, interagindo com a ambientação do imaginário e do fantástico.

Acolher o processo de invenção na infância significa acolher a criança de forma integral ela sentirá que não está sozinha. De acordo com Lindquist (1993), o brinquedo está para a criança como o trabalho está para o adulto. Encantada com o que faz, concentra-se nesse momento, abrem-se as possibilidades de desenvolver suas habilidades por meio de uma atividade que lhe dê entretenimento e a enriqueça.

As imposições advindas do estilo de vida consoante às exigências do mundo contemporâneo pressionam os pais, não lhes permitindo a devida participação na convivência lúdica dos seus filhos. Assoberbados de obrigações extra-casa, muitas vezes não têm chance de atender a vocação natural de pais parceiros e amigos.