domingo, 11 de julho de 2010

A CIÊNCIA DA AUTOMOTIVAÇÃO

     Autoajuda é algo que você faz por si próprio, apesar de algumas pessoas apelarem para os livros de terceiros. Mas como se faz isso? É muito mais simples do que a maioria dos livros diz. Pesquisadores da Universidade de Illinois, nos EUA, indicam que a pessoas que mais se sentem automotivadas constantemente são aquelas que, quando se deparam com um problema, se perguntam “como resolvê-lo?” e não aquelas que afirmam “irei resolvê-lo”.

     Apesar dos best-sellers encontrados em todas as livrarias, escritos por diversos autores que se dizem pesquisadores especialistas na área (ostentando títulos diversos), há, entretanto, pouquíssima pesquisa realmente científica – feita com base em dados colhidos de indivíduos reais e analisados com cuidado, parcimônia e ponderação. Esse segmento específico de análise é o que os pesquisadores da área de Psicologia chamam de “análise do discurso interno”.

     Esse “discurso interno” é o processo que experimentamos quando lemos um livro, por exemplo: ouvimos nesse momento uma voz, dentro de nossa cabeça, que faz uma leitura “em voz alta”. Esse mesmo discurso está presente quando fazemos escolhas ou mesmo quando pensamos sobre nossa vida.
Questionamentos são mais eficazes
 


     O time de pesquisadores, liderado por Dolores Albarracin, Ibrahim Senay e Kenji Noguchi, acompanhou 50 indivíduos, aos quais era sugerido que pensassem durante alguns momentos a respeito da sequência de testes apresentados. Em um teste de anagramas – onde eram apresentadas diversas palavras que deveriam ser remanejadas para formar novas palavras – aqueles que, enquanto esperavam, já haviam começado a formular a solução do problema, tiveram um aproveitamento do teste bastante superior ao daqueles que haviam apenas se programado para fazer.

     Em um segundo experimento, os participantes eram convidados a escrever duas sentenças similares, antes da execução da próxima tarefa: “eu farei.” (uma afirmação) e “eu farei?” (uma pergunta). Aqueles que haviam sido induzidos a escrever a segunda frase (de questionamento), novamente tiveram médias superiores.

     Por que isso acontece? Os pesquisadores dizem que isso pode estar relacionado ao significado inconsciente do questionamento, ou seja, as pessoas que se faziam uma pergunta, de certa maneira, já estariam se preparando para resolver os testes, e, portanto, se automotivando para a ação.

     A mesma sequência de frases (pergunta ou afirmação) também foi usada em um teste de longa retenção – quando a pessoa faz planos e após um tempo relata, aos pesquisadores, se os realizou. Os participantes foram convidados a formular um plano de exercícios. Novamente, aqueles que se perguntavam “quais exercícios farei?’, em vez de afirmar “farei exercícios”, mostraram maior “motivação intrínseca”, um resultado que foi mensurado por meio de testes psicológicos específicos.
 
Linguagem indica como as pessoas "atacam um problema
“Nosso estudo focou como o estudo da linguagem – mesmo aquela voltada a nós mesmos – pode influenciar a autorregulação comportamental”, diz Albarracin, cujo trabalho foi publicado
no periódico Psychological Science.

     “Métodos experimentais estão nos ajudando a investigar o ‘discurso interno’ das pessoas, e como elas se comportam a partir disso”, afirma o pesquisador que indica que as implicações do estudo podem levar a novos métodos de análise cognitiva, social, desenvolvimento da psicologia, assim como apontar novos indicadores clínicos, educacionais e mesmo sobre temas ligados ao trabalho e automotivação.

Fonte: http://www.educacaofisica.com.br/noticias_mostrar.asp?id=9139
     “A ideia popular é de que ações baseadas em afirmações podem melhorar o modo como as pessoas atingem seus objetivos. Mas ao que parece, questionar o modo como se faz é um método muito mais eficaz. Esse trabalho indica as bases cognitivas de como a linguagem é uma janela potencial entre pensamentos e ações”, finaliza.